30 outubro, 2005

Náufrago

SONHO: ser esquecida numa ilha deserta por um ano inteiro. Me livraria de todos os vícios, tais como comida, cigarro, internet, e escova progressiva.
Saldo: cabelos vassouras, magra e adepta da caça, pulmões limpos e teria encontrado meu verdadeiro eu, tendo que me suportar durante um ano sozinha.
Eu poderia criar um programa que realizasse isso com as pessoas, não roubem minha idéia. Mas se alguém quiser me proporcionar isso, tô aceitando ser cobaia.
E, para os retoques que faltariam após meu regresso há a tecnologia. EP, lipo, dentista, e cia LTDA.

24 outubro, 2005

A "supermulher" não gosta de sexo

Perseguir o sucesso em todas as frentes deixa as mulheres exaustas, mas a perda da libido também tem outros fatores: hoje elas exigem cumplicidade

Maricel Chavarria
Em Barcelona
Uma em cada dez mulheres admite que perdeu o interesse pelo sexo durante pelo menos seis meses no ano passado. Segundo um estudo britânico, as mulheres casadas ou que têm parceiro fixo apresentam maior tendência a ter problemas sexuais. A auto-exigência a que se submete hoje o sexo feminino pode nocautear o peso mais pesado. A "supermulher" em geral tem um salário do qual não pode prescindir -- mas não pode se permitir descuidar dos filhos, da casa, do parceiro, dos pais... e cuidado com a aparência física! Apetite sexual? Com essa agenda, o sexo a encontra exausta e muitas vezes diante de um homem com um nível de testosterona dez vezes maior.
É o que descreve uma recente pesquisa do University College de Londres. E é um bom motivo, mas não o único. O que acontece é que a mulher continua sentindo falta da cumplicidade com o parceiro, e hoje sente-se com direito a reivindicá-la. Além disso, vive em uma sociedade cujo imperativo é ser feliz aqui, hoje e sempre, e na qual não se assume bem que a passagem do tempo acabe com o desejo pelo parceiro. Por outro lado, a era do visual não deixa de vender sexo atraente, mas poucos assumem que é um sexo extraordinário e que exige um esforço transformá-lo em realidade freqüente.
"Sua falta de interesse pelo sexo muitas vezes indica que estão insatisfeitas em muitos aspectos da relação", diz Paula Sardelli, uma das três especialistas consultadas sobre o assunto por "La Vanguardia". "O papel que cada um desempenha na vida cotidiana revela falta de comunicação, de colaboração e de cumplicidade: sem estas, a sedução e a libido vão a pique. É aí que a inapetência assume a forma de reivindicação, que não é greve, pois não é intencional." O cansaço e o tão acusado estresse, salienta Sardelli, não devem se transformar em uma desculpa recorrente, como também não pode se prolongar o período pós-maternidade, no qual a relação com o parceiro adquire menor importância. "Se há um certo nível de libido, desejo e compreensão, o cansaço afeta pouco; outra coisa é que o que você encontra toda noite em sua cama não é o que você esperava, e fantasia, sexo e desejo deixaram de andar juntos."
O surpreendente é que uma grande porcentagem de mulheres ainda se queixe de uma aproximação sexual demasiado direta por parte de muitos homens, e que os psicólogos devam continuar insistindo que o protótipo de macho é o que provoca maior desinteresse, sendo mais afim às necessidades do sexo feminino heterossexual um homem com certo mistério emocional. Elas se consideram com o mesmo direito a sentir, desejar e escolher como e quando; e as conseqüências dessa atitude vital poderiam estar sendo confundidas com a inapetência por cansaço citada pelo estudo. Afinal, não é preciso retroceder muito no tempo para lembrar que seu papel na sociedade as havia levado a submeter-se à vontade do homem -- que era quem devia desfrutar do sexo -- e a estar sempre dispostas, talvez para evitar que ele fosse embora com outra.
A psicóloga Maria Teresa Pi-Sunyer opina que o problema está em um equívoco entre o casal. Pelo conhecimento de suas pacientes, ela deduz que a mulher vê cada vez mais além de si mesma e sente-se distante do homem, está desiludida. "A sexualidade feminina está mais ligada a vivências, e por isso a mulher precisa se comunicar em outras esferas da vida com a pessoa com a qual tem relações. Ouço-as queixar-se de que o parceiro quer ter relações depois de não se terem visto o dia todo, de que pretenda que a tarefa de ter recolhido o jantar e colocado as crianças para dormir se evapore quando chega ao quarto. Essa hora da noite é tenebrosa, sobretudo quando há filhos: esgota os recursos de todos e, se o casal não compartilha esse cotidiano, é difícil que ela aceite o sexo. É um mal-entendido, um desencontro..."
Profissionais da saúde mental e sociólogos concordam que os conceitos de esforço e de renúncia parecem ter desaparecido. "Isso se vê muito em casais que acabam de ter filhos", acrescenta Pi-Sunyer. "Tudo se agrava: ajudar na casa, não poder dormir à noite... tudo se torna muito explosivo e ninguém está disposto a fazer um esforço além do necessário." Por outro lado, a sexualidade tornou-se transparente e existe a sensação de que está aí para ser desfrutada em relações pouco comprometidas", diz a psicóloga. "Mas as mulheres que se separaram e descobrem a vida por sua conta vêem que em longo prazo esse modus operandi não satisfaz, pois não se sentem queridas. A relação fixa não as satisfaz sexualmente e a não-fixa não as satisfaz emocionalmente."
Ao cansaço da "supermulher" e ao desencontro do casal deve-se acrescentar um terceiro elemento decisivo: a cultura da imagem. O sexo está na moda. E também suas exigências estéticas. Criou-se uma espécie de fantasia da perfeição que submete gerações inteiras à tirania de uma determinada beleza e do suposto erotismo que a acompanha, o que, somado à possibilidade de se reparar ou remodelar constantemente no cirurgião plástico, transformou-se em um obstáculo generalizado para o sexo feliz: ninguém jamais se considera perfeito, sempre acaba sobrando um quilo, faltando peito... Essas imperfeições costumam ser imperdoáveis em sociedades onde, mais que um Casanova ou um Zorba -- ambos apaixonados pelas mulheres além de seu físico --, predomina o modelo masculino de Don Juan, um personagem que essencialmente quer a si mesmo, vive para se mostrar... e não desfruta da mulher. Na verdade a despreza.
No estudo do University College se deduz que os casais que têm relações menos de quatro vezes por mês são, em médio e longo prazo, vítimas de problemas sexuais. A freqüência é motivo de alarme -- não deveria preocupar mais a qualidade que a quantidade? -- e também de visitas ao sexólogo. Atualmente, só 21% das mulheres pedem ajuda, contra irrisórios 11% dos homens, mas recorrer ao especialista está deixando de ser considerado um remédio de ineptos.
Vejam por exemplo o roteiro do último filme sexy de Hollywood: "Sr. e Sra. Smith" aborda a crise por escassez de um casal altamente "cool". Ver um casal de assassinos de aluguel como Angelina Jolie e Brad Pitt entregando-se à terapia de casal sem dúvida fará um bom número de sofredores mudar de perspectiva. A moral do filme é tão simples como oportuna para os habituados a um amor baseado na elegante distância e no silêncio comedido entre o casal: se não há confiança -- diz a lição --, a relação e o sexo se extraviam...
Por acaso essa confiança é garantia de desejo duradouro? Muitos psicólogos são partidários de lembrar que amor e desejo não são a mesma coisa, que é possível amar a quem não se deseja e desejar a quem não se ama. O ideal seria uma sociedade de seres capazes de distinguir e admitir sem culpa que há quem nos desperte desejos, mesmo que não queiramos ter com essa pessoa uma relação de casal. É o que indica a psicanalista Marta Serra Frediani, que também lembra que o desejo implica insatisfação, ausência de algo.
"Só se pode desejar o que não se tem como posse segura. Manter o desejo pelo parceiro implica aceitar de alguma maneira que não se está totalmente na relação, que não é um bem adquirido. O amor é mais o engano que consentimos para conter a corrida de uma busca infinita de completude que não tem meta de chegada segura."

22 outubro, 2005

"E as mulheres...

...são leitores de segunda?"
Autor do romance "E Se Fosse Verdade" concede entrevista a LV.
Tenho 44 anos. Nasci nos arredores de Paris, vivi na Califórnia e hoje moro em Londres. Sou autor de romances. Estou casado e tenho um filho, Louis (16 anos). Não tenho partido, sou um social-liberal, de centro: sou libra... Não tenho religião, mas tenho fé. Quando um livro tem muitos leitores, os críticos desconfiam!
La Vanguardia - Me contaram que já vendeu 5 milhões de livros...
Marc Levy - Bem... já são oito.
LV - E qual é o segredo?
Levy - Não sei.
LV - Talvez um bom marketing.
Levy - Com marketing você pode vender 70 mil exemplares de um disco, um livro ou um filme. Mas o resto depende da própria obra.
LV - O que você conta em seus romances?
Levy - Que o único limite para nossos sonhos é o que impomos a nosso próprio desejo de que eles se tornem realidade.
LV - Parece muito americano...
Levy - A América foi um sonho europeu.
LV - Acredita realmente nos sonhos?
Levy - Muitas pessoas nos dizem todos os dias: "O que você deseja é impossível". Talvez precisemos que alguém nos diga outra coisa!
LV - Qual foi o primeiro sonho de sua vida?
Levy - Ser médico. Queria ajudar as pessoas... mas era muito ruim em matemática e isso me fechou esse caminho... Que absurdo!
LV - Então começou a escrever....
Levy - Não. Fui para a Califórnia, porque adoro viver como estrangeiro: isso o obriga a escutar, a ganhar o direito de morar ali.
LV - E o que fez lá?
Levy - Desenho gráfico. Tinha 24 anos e montei uma pequena empresa de desenho gráfico... Sete anos depois, fali. E voltei a Paris.
LV - Então começou a escrever.
Levy - Não. Meu filho tinha nascido e eu precisava trabalhar. Não tinha um centavo mas tinha uma caixa de ferramentas: me meti a técnico de iluminação.
LV - E se deu bem?
Levy - Sim, tenho habilidade manual. Criei com um amigo uma pequena empresa. E nove anos depois, em 2000, era um escritório com 80 arquitetos. Sim, foi divertido...
LV - Então deduzo que já o deixou...
Levy - Sim, depois do sucesso de meu primeiro romance, "E se Fosse Verdade", em 2001.
LV - O que o levou a escrevê-lo?
Levy - Durante as reuniões na empresa eu escrevia um fragmento de conto que naquela noite contaria a meu filho. Até que um dia ele preferiu ver televisão...
LV - Não diga!
Levy - Mas decidi continuar. Escrevi algo para que Louis lesse quando fosse mais velho! E escrevi esse romance, que guardei numa caixa.
LV - Não quis publicá-lo?
Levy - Mas minha irmã o leu, gostou e o mandou para uma editora. Chamaram-me para publicá-lo: eu pensei que era brincadeira...
LV - Ficou surpreso.
Levy - Sim, e houve mais surpresas: na Feira de Frankfurt, antes que o romance fosse editado... Steven Spielberg comprou os direitos para fazer um filme! Quando Spielberg me telefonou, pensei: "Estou sonhando". Ele marcou uma entrevista em seu escritório e viajei para a Califórnia...
LV - De novo. Mas dessa vez era diferente!
Levy - Sim. Dessas conversas saiu o filme "Just Like Heaven" [E Se Fosse Verdade] (que estréia no Brasil em dezembro), dirigido por Mark Waters.
LV - Que história contava a seu filho?
Levy - Um homem encontra uma mulher trancada no armário de seu banheiro. Ela lhe explica que teve um acidente de carro e que faz seis meses que seu corpo está em coma num hospital... Ele pensa que ela é louca...
LV - Lógico: uma transtornada...
Levy - Mas logo mudará de opinião! Só ele pode vê-la... É a história de um homem que se apaixona pela carta e não pelo envelope...
LV - Você tem vivências sobrenaturais?
Levy - Sim. Me apaixonei!
LV - Quando se apaixona, pelo que se apaixona?
Levy - Ah, que mistério. Se alguém tivesse essa receita, venderia mais livros que a Bíblia!
LV - Você não pode se queixar...
Levy - Não. Publiquei cinco romances nesses cinco anos e agradaram muito... Transformaram em leitores pessoas que não costumavam ler.
LV - E o que disseram os críticos?
Levy - Os críticos franceses sempre se queixam de que as pessoas não lêem, mas quando há muitos leitores... têm medo e também se queixam!
LV - O menosprezam como escritor?
Levy - Sim. Para me criticar, acusam-me de que mais mulheres que homens me lêem. Que mentalidade medieval! As mulheres são leitores de segunda? Me honra ter muitas leitoras! Como homem, deveria ser mais fácil para mim conectar-me com os sentimentos dos homens, não?
LV - Isso prova que é um bom escritor?
Levy - Eu sou um autor. Outorgar-se a si mesmo o título de escritor... que pretensioso! Só os leitores, com os anos, podem lhe dar o título.
LV - O que acredita que os leitores buscam?
Levy - Ser abduzidos de sua rotina, viver algo através de um personagem: ser outro por um momento.
LV - Seu pai também lhe contava histórias?
Levy - Meus pais me iluminam com o amor que têm um pelo outro há 45 anos. E o que meu pai me explicou é isto, o essencial: "O amor e o ego lutam para ocupar o trono do cérebro". Para seu bem, que ganhe o humor!
LV - E como ajudar o humor para que ganhe?
Levy - Ria de si mesmo sempre um pouco mais do que ri dos outros. E ponha os outros no centro de sua vida, não você mesmo!
LV - Não é fácil... Aplica essa máxima a si mesmo?
Levy - Se eu digo "sou um escritor", me coloco no centro: ganha o ego. Se digo "só pretendo escrever histórias para as pessoas", ponho os outros no centro e derroto o ego!
LV - Alguma vez o ego saiu vencedor?
Levy - Hummm... sim, uma vez.
LV - Pode me contar?
Levy - Trabalhei na Cruz Vermelha, e entrou no pronto-socorro uma mulher com parada cardíaca. Não conseguíamos reanimá-la. Eu insisti. "Deixe, não há o que fazer", me disseram. Continuei e seu coração voltou a bater! Deixei o emprego na semana seguinte.
LV - Por quê? Deve ter sentido uma grande alegria!
Levy - Durante um momento senti algo que... Estava recebendo mais do que dava! E eu não estava ali para isso. Não, não... o ego se impunha. Fui embora.

18 outubro, 2005

About Karenina

Abaixo duas pessoas que me conhecem bem, respondendo a um questionário teenager que circula na net... mais nada p fazer hahaha
A1 = Amigo 1
A2 = Amigo 2
1) Um apelido que eu tenha
A1 - biskaka
A2 - trak insolente
2) Há quanto tempo vc me conhece?
A1 - vidas passadas
A2 - Desde de 2002
3) Minha idade?
A1 - 57
A2 - 27
4) Cor do cabelo?
A1 - laranja
A2 - vassouras oxigenadas
5) Eu tenho irmãos?
A1 - mona
A2 - sim
6) Você já sentiu ciúmes de mim?
A1 - claro
A2 - Hummmmm um poquito com déa e mir xato
7) Você lembra uma das primeiras coisas que eu disse a você?
A1 - oq tu gosta de comer??
A2 - PXIIIIIIIIIIIIIIIUUUU
8) Qual minha pior característica?
A1 - irritante
A2 - irritante
9) Eu sou tímido ou extrovertido?
A1 - hiper folgada
A2 - às vezes queta mas a maioria surtante e extravagante
10) O que eu amo?
A1 - eu
A2 - Azucrinar a Mili
11) A quem eu amo?
A1 - eu
A2 - MILI
Evidente que não coloquei tudo, me compromete... hahahaha

14 outubro, 2005

Vassouras 2005

Momento futilidades da vida moderna: me submeti à tão abominada e badalada e formólica escova progressiva e tô me sentindo como uma coisa lambida... Mas vale a pena, pois não tenho mais tempo de ficar puxando e lascando meus cabelos toda bendita manhã! Essa vida tão atribulada hahahaha

12 outubro, 2005

Incompetência

Queria saber porque as papelarias grudam etiquetas dos preços nas canetas que compramos. Comprei uma e veio uma etiqueta quase do tamanho dela, não entendi porque. É pra perder tempo arrancando?

11 outubro, 2005

Bigodes

Eis que pego uma lotação vazia lá pelas 11 da manhã, e logo em seguida entra nem mais nem menos que... sim, o Bigodón.
Eu acho que ninguém me leva a sério quando falo disso, ninguém entende o que tô dizendo? Porto Alegre não é tão minúscula assim. Como é que não encontro pessoas conhecidas assim?? E eu conheço tanta gente...
Deve ter sido por este motivo que me identifiquei tanto com Huckabees... Quem viu, sabe que o cara passa uma situação parecida com essa minha, mas isso eu já tratei aqui.

08 outubro, 2005

"O homem pode ter...

... muitas companheiras, mas uma única dona"
'Na verdade o homem é monógamo', diz zoólogo Desmond Morris, o autor de "O Macaco Nu", concede entrevista
La Vanguardia - Como cientista, o que o senhor vê quando olha para uma mulher?
Desmond Morris - Um ser muito evoluído, mais neotênico que o homem...
LV - Neo... quê?
Morris - É a característica evolutiva que permite a uma espécie, quando adulta, conservar traços da infância. As mulheres conservam mais características da infância que os homens.
LV - E isso é importante?
Morris - A neotenia favorece a criatividade e a inteligência, porque as crianças são mais aptas para o aprendizado. As mulheres, além disso, desenvolveram outras especificidades que são evolutivamente mais avançadas.
LV - Eu já intuía isso.
Morris - Muitas mulheres ainda desconhecem seu enorme potencial sensorial. Sabe que as mães são capazes de reconhecer seu bebê de olhos vendados, só pelo choro, e que distinguem os batimentos do coração de seu filho entre centenas? Comprovamos isso empiricamente, e é espetacular.
LV - O que o senhor mais inveja nas mulheres?
Morris - Sua capacidade de percepção: o mundo sensorial das fêmeas humanas é muito mais rico que o dos machos: elas percebem melhor as cores e a gama cromática, têm um ouvido mais agudo, olfato e paladar mais refinados.
LV - E não acha isso injusto?
Morris - É natural. Elas cuidaram de coletar as frutas enquanto nós caçávamos. Nós podemos correr mais depressa.
LV - O senhor não inveja nada nelas?
Morris - Invejo sua sensualidade: não só porque sua capacidade de gozar no orgasmo é muito superior à nossa...
LV - Sim...
Morris - ... mas porque essa sensualidade não é só uma extensão de sua capacidade reprodutiva, mas conseqüência de sua maior inteligência emocional. Entre os humanos, foram as mulheres que passaram de copular a fazer amor, e assim estabeleceram vínculos de uma riqueza e sofisticação tais que concederam uma enorme vantagem evolutiva à nossa espécie sobre os outros primatas. Como você deve saber, as mulheres têm quatro zonas erógenas...
LV - Eu me conformaria em encontrar uma.
Morris - Se eu aos 18 anos soubesse tudo o que descobri em uma vida de estudos!...
LV - Ânimo, ainda somos jovens!
Morris - Em suma, elas experimentam com maior profundidade percepções, sensações e sentimentos. Vivem mais. Imitar os homens, como propunham algumas tendências feministas errôneas, é retroceder.
LV - Como pintor, o que o senhor vê numa mulher?
Morris - Cheguei a expor com Miró! Que grande artista! E continuo pintando diariamente.
LV - Eu vi seus quadros e gostei.
Morris - Quando vejo uma mulher, como pintor, vejo uma curva. Cada mulher tem uma, mas não só uma curva física, também mental.
LV - E como zoólogo, o que o senhor vê numa mulher?
Morris - Me apaixona o mimetismo entre os lábios de cima e os de baixo, entre peitos e nádegas... que semiótica poderosa!
LV - E como homem, o que vê numa mulher?
Morris - Me enamoro pela doçura, a calidez e o senso de humor. É o senso de humor compartilhado o que mantém minha esposa e eu unidos durante toda uma vida.
LV - Não tentou a poligamia habitual entre nossos irmãos primatas?
Morris - O homem na realidade é monógamo.
LV - Mesmo que guarde sua monogamia em segredo?
Morris - Você crê que é uma ironia, mas acaba de dizer uma grande verdade. Em muitas culturas o poderoso é obrigado a ser polígamo, porque a posse de muitas esposas é um sinal de status. Mas embora haja muitas concubinas sempre existe uma favorita: isso em pureza zoológica se chama monogamia.
LV - Ou seja, essa história de "duas mulheres ao mesmo tempo" é biologicamente improvável.
Morris - Pode haver duas mulheres ao mesmo tempo, mas na realidade há uma esposa e a outra. Sempre há uma que é a mulher. A outra tem um papel secundário que complementa mais ou menos o homem, mas seu investimento emocional, o homem o realiza só em uma mulher, uma companheira, embora é claro que esse lugar prioritário em seu afeto e sua economia possam ser ocupados por diversas mulheres sucessivamente.
LV - Por que somos seres de uma só mulher?
Morris - Porque só podemos nos ocupar realmente de uma prole, mesmo que possamos ter engendrado várias. E a natureza hierarquiza nossa dedicação para otimizar as possibilidades de êxito sucessório.
LV - Nunca houve um polígamo de verdade?
Morris - Eu e minha equipe de pesquisadores e antropólogos procuramos por todo o planeta pelo menos um caso de poligamia real, quer dizer, um polígamo que desse exatamente o mesmo tratamento a todas as suas fêmeas e aos descendentes que tivesse com cada uma.
LV - E...?
Morris - Não encontramos. Filmamos um famoso bruxo e cantor de rock nos Camarões que tinha chegado a colecionar 58 esposas...
LV - Deve ter sido terrível, coitado.
Morris - ... mas sempre tinha uma favorita.
LV - Ela. Sempre ela.
Morris - ... embora nosso bruxo roqueiro realizasse uma festa de casamento gigantesca cada vez que mudava de favorita.
LV - Como tantas celebridades do rock.
Morris - E todas as garotas do coro estavam casadas com ele! Na realidade era monógamo, mas para aparentar diante da tribo o pobre homem era obrigado a parecer polígamo.
LV - Extenuante.
Morris - A mesma coisa aconteceu com um rei do Taiti que pesquisamos: chegou a ter 28 esposas espalhadas pela ilha, cada uma em sua casa. Mas sempre havia uma com a qual passava mais tempo e cuja prole protegia com mais dedicação e recursos. O homem pode ter muitas companheiras, mas uma única dona.
Muuuuuuuuuuuito interessante :-)

07 outubro, 2005

maniac

Que eu sou chata, implicante e um monte de coisas todos sabem. Meu último TOC é sobre qualquer tipo de animação no Orkut...
Spam, animação, ah por favor... E eu me dou ao trabalho de criar um post, especial pra isso, acho que vou dormir pensando no meu novo material de escritório!